Anúncio provido pelo BuscaPé

LITERARIEDADE

quarta-feira, 10 de março de 2010

A teoria da literatura tem como objeto do seu estudo, o que foi denominado por Roman Jakobson de literariedade. Esse conceito caracteriza o que torna diferente um texto literário de um texto de literatura (lato sensu).
Um texto para ser literário, parte de uma elaboração especial da linguagem, utilizando elementos da ficção e da imaginação do autor, a chamada literatura stricto sensu. Essa elaboração especial, constitui o chamado "desvio", que afasta a linguagem literária das ocorrências verbais ordinárias.
Note a transcrição abaixo:


"O sol poente desatava, longa, a sua sombra pelo chão, e protegido por ela - braços largamente abertos, face volvida para os céus, - um soldado descansava.
Descansava... havia três meses.
Morrera no assalto de 18 de julho."
(Euclides da Cunha, Os sertões)


O dito desvio ocorre em dois fatos: um léxico, no emprego do verbo descansar, e um sintático, o uso incomum das reticências. A palavra "morrera", dá significado a "descansava", e as reticências que seguem a ela , operam um corte na frase, responsável pela criação do suspense inicial. Esse arranjo verbal organizado, constitui a literariedade do trecho, tornando-o especificamente literário.
No passado, o apego intransitivo ao texto, vedava as questões de real interesse. Atualmente, a teoria da literatura é aberta a métodos de investigação que valorizam bases sociológicas, antropológicas e psicanalíticas, ou seja, não basta ler, achar bonito, é necessário entender o que se está lendo, inclusive as motivações implícitas ao texto.

Postado por Rúbida Rosa às 7.7.08

0 comentários: