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Sequência narrativa

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Agrupamento lógico das acções de uma história. O estruturalista francês Claude Brémond (1973) propôs uma sistematização das formas de funcionamento do fluxo narrativo, que inclui a alternância, o encadeamento e o encaixe. Por exemplo, a novela conhecida por Menina dos Rouxinóis contida em Viagens na Minha Terra, de Almeida Garrett, pode ser considerada globalmente um encaixe no texto digressivo das viagens realizadas pelo Autor. Os factos que constituem essa novela interna se desenvolvem estão devidamente encadeados entre si e alternam várias reflexões e pequenas outras histórias. Como texto complexo que é, as Viagens ilustram os principais métodos de combinação de sequências narrativas. O modelo de Brémond (influenciado pelas teorias morfológicas de Propp sobre as funções) foi largamente utilizado na didáctica da literatura portuguesa durante as décadas de 1980 e 1990 e acabou por sofrer uma simplificação no estudo da narrativa, sem se olhar ao facto de o modelo estar limitado a uma lógica redutora do estudo do texto literário, muitas vezes sacrificando a sua interpretação a esquematizações impenetráveis. O modelo das sequências narrativas, tal como é descrito por Brémond não está orientado para as variações temporais das acções narradas, mas prevê somente relações formais do subtexto com o texto principal ou dos subtextos entre si.

ALTERNÂNCIA; ENCADEAMENTO; ENCAIXE; FUNÇÃO

Bib.: C. Brémond: Logique du récit (1973); Sholomith Rimmon-Kenan: Narrative Fiction: Contemporary Poetics (1983); T. Todorov: “Les catégories du récit littéraire”, Communications, 8 (1966).

Carlos Ceia

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