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Melodrama

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Do grego melodrama, para drama cantado ou obra teatral dedicada à expressão violenta ou exagerada dos sentimentos, como Inês de Castro (1818), melodrama em 3 actos, de Victor Hugo, a partir do mito português da dama galega que vem para Portugal no séquito de D. Constança e se trasforma na trágica noiva castelhana de D. Pedro. O mais popular melodrama de sempre continua a ser Uncle Tom’s Cabin (1852), romance de Harriet Beecher Stowe, que, em 1870, já tinha sido representado por mais de cinquenta companhias só nos Estados Unidos. Dos autores mais prolixos, destacam-se o alemão August Friederich von Kotzebue (1761-1819) escreveu mais de duzentas peças melodramáticas, quase todas de assunto doméstico; o francês René Charles Guilbert de Pixérécourt (1773-1844), que escreveu mais de cem melodramas, especializou-se temas sobre cães e desastres naturais; e o norte-americano Dion Boucicault (1822-1890), autor de textos melodramáticos como Corsican Brothers (1852), The Octoroon (1859), que também se ocupou de desastres naturais e foi o primeiro a cobrar direitos de autor pela representação das suas peças.

O século XIX privilegiou particularmente este género literário, que raramente ultrapassa os cinco actos, e que se adaptou com êxito ao gosto romântico pelas paixões exarcebadas, pelo exótico e pelo sobrenatural. O género tem origem na música italiana do século XVIII, sendo frequente na composição de libretos operáticos célebres como Rigoletto, melodrama em três actos de Verdi, ou Guilherme Tell: melodrama em 4 actos para se representar no Real Theatro de S. Carlos no Outono do ano de 1836, de Victor Joseph Étienne de Jouy. A moral do melodrama é quase sempre simplificada e, nestes textos operáticos como em textos de índole ficcional, vemos como a vivência humana se reduz ao combate entre o bem e o mal, com o triunfo do primeiro garantido. A intensidade do texto dramático é ilustrada em palco pelos mais variados efeitos especiais e cénicos. As personagens do melodrama são, em regra, estereotipadas, variando entre dois tipos: modelos de bondade ou modelos de malícia. O Teatro de Bouvelard du Temple, de Paris, um dos centros privilegiados de representação do melodrama do século XIX, viu a sua tradição ser continuada pelo chamado teatro de boulevard, de carácter popular e burlesco, que não se perde no século XX. Nos nossos dias, os melodramas conquistaram novos públicos, como o radiofónico, onde fizeram história programas dramáticos de pequenos costumes burgueses e populares, e o televisivo, que consagrou a telenovela como género melodramático mais popular.

FOLHETIM; FOTONOVELA: TELENOVELA

Bib.: James L. Smith: Melodrama (1973); Peter Brooks: The Melodramatic Imagination: Balzac, Henry James, Melodrama and the Mode of Excess (1976); Robert Bechtold Heilman: Tragedy and Melodrama (1968).



Carlos Ceia

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