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Angústia, Graciliano Ramos (2)

terça-feira, 2 de junho de 2009

A obra de Graciliano Ramos pode ser dividida em três categorias:

Romances narrados em primeira pessoa (Caetés, São Bernardo e Angústia), nos quais se evidencia a pesquisa progressiva da alma humana, ao lado do retrato e da análise social.

Romance narrado em terceira pessoa (Vidas secas), no qual se enfocam os modos de ser e as condições de existência, segundo uma visão distanciada da realidade.

Autobiografias (Infância e Memórias do cárcere), em que o autor se coloca como problema e como caso humano; nelas transparece uma irresistível necessidade de depor.

Graciliano Ramos é autor de enredos que envolvem a seca, o latifúndio, o drama dos retirantes, a caatinga, a cidade. Seus personagens são seres oprimidos, moldados pelo meio - Luís da Silva, pela cidade; Paulo Honório e Fabiano, pelo sertão. E, dentro das estruturas vigentes, não há nada a fazer a não ser aceitar a força do "inevitável".

A única saída seria mudar as estruturas e o sistema que geram Paulo Honório e sua ambição, o burguês Julião Tavares e os prepotentes soldados amarelos, estes últimos símbolo da ditadura Vargas.

Do ponto de vista formal, Graciliano Ramos talvez seja o escritor brasileiro de linguagem mais sintética. Em seus textos enxutos, a concisão atinge seu clímax: não há uma palavra a mais ou a menos. Trabalha a narração com a mesma mestria, tanto em primeira como em terceira pessoa.

* Pessimismo, negativismo.
* Análise psicológica e social
* Estilo despojado, seco.
* Influência da realidade social sobre o caráter das personagens
* Personagens: poucos, calados, problemáticos, ensimesmados.
* Ambiente urbano
* Narração em primeira pessoa
* O protagonista recorda sua história como num monólogo interior, mencionando apenas os acontecimentos em que se envolveu ou que presenciou
* A ira por seus brios feridos e a vingança são os móveis de suas ações
* A vingança tem raízes em seu passado, na fazendo do avô (misticismo e cangaço)
* A revolta contra o sedutor tem, no fundo, contornos políticos
* Como em uma sessão de psicanálise, o narrador problemático, neurotizado, se entrega a uma associação de tempo, pessoas e lugares
* Tal é a confusão de planos que o romance principia pelo fim, mas de um modo que faz supor o contrário.

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