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Diálogos entre Marcuschi e Carlos Franchi

quarta-feira, 4 de março de 2009

Por Rosamélia

Professora de língua portuguesa, literatura e produção de texto; especialista em leitura, análise e producão de texto; revisora e beneficiadora de texto; mestranda em literatura com projeto na área de práticas de leitura literária e recepção da literatura. Membro do grupo de pesquisa LER - Literatura, ensino e recepção, vinculado à Universidade de Brasília.


Segundo Marcuschi, toda atividade lingüística se dá como um ato cognitivo na produção discursiva. Ela acontece em um texto realizado em algum gênero discursivo. Ao se materializar em textos, o discurso segue as normas que são expressas na gramática. Esta é uma atividade complexa socio-cognitiva historicamente desenvolvida.
Segundo Franchi a linguagem é uma instituição com um conjunto de convenções adotadas pelo corpo social, submetidas a um normatismo exterior. Não se deve, na perspectiva desse teórico, reduzir a linguagem como instrumento – ferramenta para a comunicação a partir de sua exterioridade. A linguagem antes de existir para comunicar, existe para construir o pensamento. Antes de veicular idéias, sentimentos, emoções, aspirações, a linguagem é um processo criador em que organizamos as nossas experiências, dessa forma a função básica da linguagem é a reflexão e a construção do pensamento que ocorrem na atividade interativa.



Segundo Marcuschi, toda atividade lingüística se dá como um ato cognitivo na produção discursiva. Ela acontece em um texto realizado em algum gênero discursivo. Ao se materializar em textos, o discurso segue as normas que são expressas na gramática. Esta é uma atividade complexa socio-cognitiva historicamente desenvolvida.
Segundo Franchi a linguagem é uma instituição com um conjunto de convenções adotadas pelo corpo social, submetidas a um normatismo exterior. Não se deve, na perspectiva desse teórico, reduzir a linguagem como instrumento – ferramenta para a comunicação a partir de sua exterioridade. A linguagem antes de existir para comunicar, existe para construir o pensamento. Antes de veicular idéias, sentimentos, emoções, aspirações, a linguagem é um processo criador em que organizamos as nossas experiências, dessa forma a função básica da linguagem é a reflexão e a construção do pensamento que ocorrem na atividade interativa.

A comunicação e a informação não são as funções básicas da linguagem como postulam os funcionalistas e os formalistas respectivamente. Na concepção franchiana, a linguagem não é forma nem função, é antes atividade significante constitutiva.
Marcuschi propõe que haja um equilíbrio entre as relações interiores – normatividade da língua – e exteriores – funcionalidade – da língua. Deve-se evitar um funcionalismo generalizado e tendencioso em toda análise da linguagem, como também deve se evitar um formalismo puro sem compreensão do papel da mesma na atividade reflexiva e nas relações interpessoais. A linguagem é muito mais um aparelho destinado à construção do conhecimento que um instrumento funcional ou uma estrutura formal.
Segundo o autor, os discursos são frutos de integração de operações sociais, cognitivas e lingüísticas. E a linguagem não deve ser concebida como um simples meio de comunicação, informação e como simples estrutura formal, como instrumento do pensamento ou como atividade ideológica e histórica. Cognição, discurso e gramática constituem a condição da possibilidade da linguagem como atividade criativa e recursiva. A relação entre estes três aspectos – cognição, gramática e discurso – é necessária para administrar criativamente a atividade lingüística na produção textual controlada socialmente. A cognição não é puramente mental, é construída pelas forças exteriores juntamente com as capacidades inatas do ser.
A força criadora e constitutiva é imanente à linguagem, esta não é um resultado ou dado, é um trabalho que dá força ao conteúdo variável de nossas experiências e é nesse trabalho realizado entre pessoas que se constitui o sistema de referências onde o simbólico se torna significativo.
O discurso, na visão de Marcuschi, é a forma de inserção sócio-histórica na produção de sentido, a cognição é a forma de atuar significativamente e a gramática é a forma de atuar regradamente no contexto. Discurso, gramática e cognição constituem a forma harmônica de se tratar a textualização que é um processo discursivo na medida em que se consegue relacionar fenômenos lingüísticos, sociais e cognitivos significativamente. A textualidade é o produto final que resulta das operações produzidas no processamento de muitos elementos em níveis e sistemas diversos. O texto é a possibilidade cujas condições de atualidade são o contributo de sua inserção na sociedade e no mundo. Uma unidade lingüística, um sintagma e mesmo uma oração ou cadeia de enunciados podem ter vários significados dependendo do conjunto de fatores internos cognitivos ou formais que atuam e não se pode admitir que estejam refletindo apenas pressões externas. Os textos envolvem gramática, discurso e cognição e esta é a condição para a coerência deles. Elipses, dêiticos, referenciação pronominal são fenômenos resolvidos em âmbitos superiores ao da frase. Questões como compatibilidade, contradição, ambigüidade ultrapassam a esfera das relações interfrasais e até da lógica. As falas do discurso na vida social não são comandadas pelas normas lingüísticas, mas sim pelo contexto, este não deve ser tomado apenas como uma coleção de fatos ou situações em que situa uma dada produção discursiva para enquadre inferencial.
Contexto é um conjunto de representação cognitiva relevante para a interação a cada ponto dado e a cada momento que é conduzido por disposições, fatores cognitivos invisíveis, mas reconhecidos coletivamente. É uma operação cognitiva de interpretação e reinteração constante, é muito mais do que uma força exterior que pressiona para construir sentidos ou formas. As normas lingüísticas não comandam a significação de um texto. Elas simplesmente são o meio pelo qual o texto acontece para a representação cognitiva do mundo.

MARCUSCHI, Luis Antônio. Discurso, cognição e gramática nos processos de textualização, In: Nas instâncias do discurso, páginas 21 a 26.

FRANCHI, Carlos. Gramática e criatividade. S/d

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